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Deixava a casa dos pais para nunca mais voltar. Abandonava para trás histórias causadoras de um amor atávico. Para frente, apenas conseqüências de uma decisão já canonizada.
O que lhe marcava era a necessidade da alma, anseios provindos da certeza de se saber em meio aos dias que passam rápido. Sabia que com isso emaranhava-se na vida como qualquer um. E dessa normalidade extraia a pouca calma necessária para um derradeiro alento: respirar em paz, sentir a liberdade de dias autografados por sua própria responsabilidade. No fundo, a idade pulsava, requeria improvisos burladores do marasmo pré-estabelecido.
Fechou a porta pela última vez. A saída pelo portão era na verdade um batismo. Não olhou para trás.
Ao lançar-se na rua, lembrou-se do agouro e jogou-o fora como quem lança lixo ao lixo. Pisava suas dúvidas como quem pisa uvas para que o vinho surja. Com isso, um súbito rufar de árvores pelo vento forte profetizava o movimento que viria pela frente. Aprendeu seu norte, guiou-se pelo caminho do vento.
Levava consigo apenas o brilho do entusiasmo e a coragem por se saber livre. Deixava para trás o franzino e impotente tout à coup para criar raízes em sonhos sem fim.
Fez-se homem, ganhou o mundo.
Rafael Guerreiro
Um comentário:
A vida é repleta de inquietudes, mas ela própria nos proporciona modos de vitória,integra e harmoniosa!
A liberdade buscada no interior da essencia, respira cores que alegra o dia e faz brilhar os sonhos!
Viver de acordo com a realidade, mas sem os sonhos nada somos,ele nos sustenta,da a força que sabe esperar!
Adorei muito, e entendo perfeitamente!
Parabens!
beijos,sorrisos!
Paulinha!
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