terça-feira, 14 de maio de 2013

PUNHAIS E PICANHAS


O que me estraga é essa tal ironia. Não que isso seja um defeito, mas ainda assim acaba por ser indigesto, ou cômico, a depender de quem observa.
Ser irônico é como amolar um punhal, de um lado sarcasmo e do outro perspicácia. O problema é que as vezes acabo por cortar a carne usando sarcasmo quando deveria usar o outro lado e vice versa.
Eu poderia fazer picanhas com coxão duro, mas elas deixariam em minha língua um ranço de pobreza de espírito e então prefiro me abster deste mistifório.
E no final, acabo por dar aquele sorrisinho de canto de boca, como quem gosta do mal feito e sigo a terminar o dia acomodado na fumaça de um cigarro assistindo a banda passar...
Não pensem os senhores que tal predileção me é própria. É apenas o gosto do tempo.

Rafael Guerreiro