terça-feira, 26 de julho de 2011

RETALHOS DO ACASO

Quais segredos guarda uma paixão de três dias? Talvez nenhum, mas talvez exista nesta singularidade volátil a possibilidade de um engano feliz, de um prazer único, sem medições temporais.
Quanta filosofia pode ser pensada na fumaça de um cigarro! E no microcosmos moral de cada verdade errante que perambula por este universo indiferente, lanço minha descrença sobre qualquer idealismo.


Sim, eu que sempre me aturdi por razões soberanas, silhuetas da eternidade e visões metafísicas dos porquês e das tradições, sim, eu deito por terra qualquer sentido, qualquer nobre destino, qualquer ousadia sobre transcrever o indizível.
No aconchego de minhas palavras, percebo que a única resposta ao absurdo de Camus é nossa indescritível e indecifrável capacidade de amar.  
Amor. Mas que palavra é essa, meu Deus? O que entende o outro sobre o que amo ou como amo? Não sei, tudo o que sei é que amamos despidos de qualquer ciência.
Por isso, aprendo com o acaso. Dou-lhe crédito e fé. E na construção diária do que chamo minha vida, primeiramente devo ao acaso o cimento que assenta cada tijolo dos muros erguidos a cada escolha que faço com meus passos cegos de eternidade. E sigo amando por estes retalhos de mar e por estas ilhas de felicidade.

Rafael Guerreiro

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