O que me estraga é essa tal ironia. Não que isso seja um
defeito, mas ainda assim acaba por ser indigesto, ou cômico, a depender de quem
observa.
Ser irônico é como amolar um punhal, de um lado sarcasmo e
do outro perspicácia. O problema é que as vezes acabo por cortar a carne usando
sarcasmo quando deveria usar o outro lado e vice versa.
Eu poderia fazer picanhas com coxão duro, mas elas deixariam
em minha língua um ranço de pobreza de espírito e então prefiro me abster deste
mistifório.
E no final, acabo por dar aquele sorrisinho de canto de
boca, como quem gosta do mal feito e sigo a terminar o dia acomodado na fumaça
de um cigarro assistindo a banda passar...
Não pensem os senhores que tal predileção me é própria. É
apenas o gosto do tempo.
Rafael Guerreiro
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